Fim, casamento acabou?

"A emoção acabou, que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou..." Estou triste, nesses últimos quinze dias,quatro casais amigos colocaram fim no casamento. Amigos queridos e todos com filhos. Cabeça de pseudo escritor metido a filósofo é uma merda, começa a fazer conjecturas em busca de entendimento, mas entender o que? Tudo tem um fim, será? O amor se cuidado não tem fim e nisso tenho certeza. Traição física há muito tempo deixou de ser culpada pelo término de relações, só o ato em si não tem força para essa justificativa. Traição que acaba relação é aquela de falta de respeito, descuido, indiferença, distância e caráter. Idéia machista? Claro que não, mulheres traem tanto e melhor que os homens e nem por isso querem terminar o casamento, infantilidade talvez, fim do amor? Nem tanto. Homem então é mais idiota, trai como auto afirmação. Paixonites também não deveriam acabar relações, depois de seis meses irá bater o arrependimento e aí poderá ser tarde demais, algumas feridas não cicatrizam ou criam quelóides. Será que não houve conversa, esforço, sacrifício para salvar esse amor? Isso me entristece, sou entusiasta ao amor, a relação, ao casamento. Nossas relações não são líquidas, há o outro que deve ser cuidado, protegido e respeitado. O que acaba a relação é falta de amor e o desrespeito, aí não tem jeito, em quanto existir amor mesmo machucado há solução, sempre haverá. Triste por que todos nós somos passíveis de fins, nada é eterno, a vida ou a morte finda tudo. Cuide bem do seu amor e guarde as melhores lembranças, de repente poderão ser sua caixinha de primeiros socorros em momentos de emergência. Tente escutar aquela música com novos arranjos... Tente cantar na mesma música "para que usar de tanta educação, para destilar terceiras intenções" mas  se continuar  "A emoção acabou que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou", aí acabou mesmo! Lute até fim pelo amor, deixe o orgulho de lado,  quem sabe esse poderá ter sido seu único amor na vida.

A quem interessa a morte?

Há muito esse assunto fascina, para alguns causa medo, para outros a ordem natural. Depois que nascemos é nossa única certeza, morreremos. Quando crianças e jovens raramente pensamos nisso, a não ser quando alguém próximo se vai. Não lembro até meus dezoito anos de idade ter ido a um enterro, o primeiro foi justamente do meu pai. Depois os enterros não pararam mais, claro que é no máximo um por ano. Texto mórbido? O assunto sim, a idéia não. Toda vez que penso sobre a morte me transbordo de vida, de projetos e sonhos. A certeza da morte é justamente isso, comprometimento em viver bem, usufruir o que há de melhor, o bom trabalho, os bons amigos, as brincadeiras sacanas, os abraços fraternos, bons livros e vinhos. Já escrevi isso antes, não tenho medo da morte, mas como chegarei até ela e isso as vezes dá um medinho e faz pensar... Nossa única certeza existe para se viver bem. Difícil? Muito. Mas como diria o personagem de um livro: " nossa única certeza é a impermanência da vida, tudo passa, tudo flui! A morte interessa aos mortos, vivos? Pensamos na vida!

Vamos dormir?

Em tempo de crise o sono para alguns vai embora. Muita gente dorme mal. Acorda no meio da madrugada, vira para um lado, vira para outro, levanta, vai até a cozinha beber água, liga a televisão, cochila no sofá... Volta para cama e fica com o pensamento inquieto martelando. O sol começa a compartilhar seus primeiros raios, aí o dia começa, e você novamente teve ou melhor, não teve uma boa noite de sono. Parando para pensar poucas coisas deveriam roubar o sono: doença séria e possibilidade de morte de alguém querido, o resto a gente resolve de alguma forma. Dúvidas, dívidas, crise no casamento, são fatores que nos perturbam o sono. Mas será mesmo motivo para tanto? Sou bom de cama, bato na cama e durmo pesadamente, conto nos dedos as vezes que meu sono fugiu. Preocupar-se demais com coisas que não dependem da nossa resolução é motivo de estresse e sono fugidio. Não há como negar a realidade, por isso antes de qualquer atitude é bom pensar, ser inconsequente é prerrogativa para dormir mal. Guimarães Rosa tem uma frase que acho sensacional e resume tudo isso: " o animal satisfeito dorme bem". Quantos e quantos só dormem a base de comprimidos? A mente inquieta já não permite desligar, acalmar... Precisamos de pequenos momentos de mortes, desligar do mundo, recarregar a lucidez, doce sono. Nossa falta de sono é um conflito alma e corpo, preciso dormir mas minha mente não deixa! Pior é atribuir a outros sua falta de sono, é valorizar demais o que os outros fazem ou pensam de você, ou o que você pensa em relação aos outros. Não há coisa melhor que acordar regozijado e ver que a noite foi uma bela criança!

Só depois da morte

Seu dia começou. Você cheio de mágoa do seu pai. Não se falam como antes, e nem sabem o real motivo, talvez fofoca familiar ou aquele bate boca entre pai e filho. Há tempos você não visita ou faz uma ligação, sempre adiando para o próximo final de semana.
Seu dia caminha normalmente quando no meio da tarde você recebe uma ligação dizendo que seu pai faleceu de infarto. Em segundos você perdoa seu pai, se desespera e ele voltou a ser o melhor pai do mundo. Logo vem na sua memória os melhores dias de vocês dois juntos, você criança, ele brincando de pai e filho,as discussões passam longe. É preciso ir ao enterro, e lá é a certeza que seu pai foi embora. Ele ali dentro do caixão com a fisionomia tranquila e você aqui fora com a dor da perda e culpa por não ter ido no último final de semana visita-lo e dar um abraço. Seu pai morto não tornou melhor pessoa, você que por culpa ou dor relevou todos os erros dele. Será que só relevamos erros amigos quando perto da morte ou de alguma doença séria? Só fazemos homenagens aos mortos? Agradecer, pedir desculpas, comemorar, abraçar tem que ser em vida. Cuidado para não ser bobo e humilde demais, tem gente que abusa da caridade alheia, é aquilo: não é por que morreu ficou bonzinho, pode ser um defunto canalha. Não leve todas as mágoas do mundo com você e tente não magoar as pessoas, não interprete aquilo que acha, interprete aquilo que realmente é.  Leveza para dormir bem! O que vale não é a morte, mas como irei morrer. Ame as pessoas em vida, depois que morrer já não interessa tanto...

O inferno são os outros?

O mundo assusta, o mundo não, as pessoas assustam. " Nada do que é humano me é estranho". Com tanto avanço tecnológico ainda engatinhamos em matéria de emoções. Muita coisa ainda causa surpresa. Hoje conversando com um amigo ele relatou que faz análise há quinze anos, na minha ignorância pensei: se há quinze anos ainda não conhece os atalhos dos próprios pensamentos, quando será? Outro caso de uma criança de nove anos que faz análise há quatro anos. De novo fiquei pensando: senão sofreu nenhum trauma forte, não foi abusada, espancada, perda trágica, qual o lastro emocional que uma criança de quatro anos carrega para precisar ser analisada por um estranho? Será que o problema não estaria em outras pessoas que a cercam? Talvez os pais? Essa nossa fuga da realidade dolorida e preto em branco que não queremos ver fica melhor se ouvida pela boca de outra pessoa? Casamentos que começam fadados ao fim, sociedades ilusórias... Será que realmente preciso de ajuda para saber que não sou tão bom assim? Que essa angústia é reflexo do que não gosto em mim? Não é crítica aos doutores da mente, muito pelo contrário , alguns fazem um trabalho espetacular, crítico as pessoas que procuram muletas quando a capacidade de correr ainda existe. Conveniente jogar minhas decepções na vida ou em Deus. Pior é a frase: a vida é assim mesmo. Quem é nosso maior algoz? Nós mesmos! Simples. " Conheça a ti mesmo e conhecerá o teu senhor", é antiga, mas atual!